quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Onda Alucinante de Verdade (by Ju)

texto escrito há dois anos atrás

Descobri mais uma coisa hoje.
O verbo “descobrir” é muito utilizado por mim, eu sei. Mas sabe como é, dezoito anos, achando que sabe muita coisa, insistindo em argumentos mal argumentados e coisa e tal... descobrir é uma palavra muito útil e, de certa maneira, agradável de ser pronunciada. Afinal, cada vez que uma coisa é descoberta a sensação de maturidade vem (embora isso, talvez, não seja lá grandes coisas).
Mas a discussão quanto à importância da palavra “descobrir” não é de fato a coisa mais importante agora.

Cada dia que passa são mais histórias por mim concebidas: momentos felizes e de aventura. Mas o mais importante são as ondas alucinantes de verdade (é pra ser ambíguo mesmo porque a tal onda é tanto alucinante quanto verdadeira, e o “alucinante” também é de verdade). Essa tal “onda alucinante de verdade” que me vem não pode ser classificada como mera descoberta, aquela que falei há pouco. É simplesmente um processo natural, é como ficar menstruada pela primeira vez.Poderia ser exemplificada pelo seguinte episódio que me ocorreu quando tinha 12 anos e descobri que a pia do meu banheiro não era tão alta assim, ou quando eu percebi o quanto sexo (ação) é “feio” vendo os movimentos pélvicos de um cara da tv...

Digo tudo isso, pois, hoje, depois do meu péssimo resultado na primeira etapa do vestibular da UFES de 2007, eu me sentia infinitamente mal e culpada por não corresponder às expectativas não só dos meus pais, como minhas (orgulho). Sentia uma pressão enorme, uma responsabilidade gigante, como se eu tivesse realmente culpa por aquilo, como se eu não tivesse me esforçado, como se eu não tivesse aproveitado todo o dinheiro investido em mim, como se eu não pensasse, como se eu não controlasse os batimentos cardíacos, como se eu...
Até chorei.
Quando cheguei em casa, eu assisti ao filme que me ajudou a perceber que todo o estresse advindo das minhas responsabilidades pode realmente me prejudicar no que se refere não só às minhas decisões futuras, (afinal, não foi uma vez que cometi erros por tomar decisões “de cabeça cheia”), como também na busca pela minha felicidade e paz, que, de fato, são os reais objetivos ou metas da vida. Esse filme se chama “Doce Novembro” e recomendo a todos.
No longa metragem, um publicitário bem sucedido se depara com a proposta de viver com uma mulher que promete faze-lo mudar para melhor. No princípio, ele acaba negando por desacreditar. Depois, aceita a proposta e aprende a aproveitar mais a vida, curtir as pequenas coisas (como observar as pessoas na rua, ter um cachorro, lavar os pratos) e, consequentemente a construir uma felicidade plena.
Para completar o meu dia, eu e grandes amigas nos reunimos e foi um momento feliz e, também, de aprendizado. Tomar sol, milk shake no canudo novo e estranho do Bobs e rir muito, fizeram-me descobrir que tudo passa rápido e a gente tem que aproveitar cada segundo dela. Lembro quando sentia os cabelos batendo no rosto, ouvindo Mano Chao misturado às risadas das meninas e sentindo aprofundadamente o pôr-do-sol na magnitude das suas cores... Quanto aquilo me fez bem: esqueci da necessidade de me tornar uma médica e, logo, motivo de orgulho para os meus pais, esqueci as fórmulas de física ótica, esqueci que eu me preocupo demais com a fome no nordeste brasileiro, etc.
Isso é um pouco assustador (como toda descoberta nos traz uma sensação de maturidade), pois como algo tão pessoal, tão infinitamente entranhado dentro de você pode te fazer tão feliz? Como pode - justo eu – o ser humano ter essa capacidade de sentir felicidade explosiva dentro do coração só com e para com ele mesmo ao desligar-se do mundo?
Esqueceram as tristezas do mundo e ficam gozando...

Olha só: eu pude ser feliz sem pensar em ninguém! Só pra mim, no meu canto...
Embora isso pareça triste, não é. Juliana não foi contaminada pela corrente que cresce por aí “a ignorância e alienação é uma benção”.É simplesmente o amadurecimento que todos irão sentir um dia (quase como ficar menstruada).
Isso tudo que vivenciei foi natural. Não foi a descoberta. A descoberta, de fato, foi: não devemos nos apegar a momentos ruins, a notícias, a necessidade de nos enquadrarmos num perfil que a sociedade –mídia- deseja. Devemos sim, ser bons, idealistas e preocupados com o mundo desde que isso não afete o bem-estar (até porque como seremos revolucionários sem comer chocolate, sem ir numa rave, sem rir com os amigos e, assim, consequentemente, sem ter forças?). Dessa forma, quero ser boa para mim mesma primeiro; permitindo a mim mesma desfrutar de outros momentos como o que passei hoje.